Especialistas: China busca retomar negociações com Seul e Tóquio para enfraquecer laços com os EUA

Jan 05, 2024

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As conversações propostas pela China com Seul e Tóquio foram motivadas em parte pelas dificuldades económicas que enfrenta, especialmente quando acontecem antes da cimeira EUA-Japão-Coreia do Sul.

WASHINGTON – Semanas antes de uma cimeira planeada entre EUA, Japão e Coreia do Sul nos Estados Unidos, Pequim está a fazer o seu próprio esforço para aumentar o envolvimento com os seus dois vizinhos asiáticos. Especialistas dizem que a medida está em sintonia com os esforços de Pequim para reforçar os laços com a Coreia do Norte e a Rússia.

O ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, divulgou a iniciativa chinesa em um briefing para a mídia japonesa na semana passada, dizendo que o principal diplomata da China, Wang Yi, propôs a realização de conversações de alto nível com Seul e Tóquio.

A proposta parece ter como objectivo minar os laços estratégicos entre os EUA e os seus dois principais aliados, que prometeram, após duas cimeiras este ano, acelerar a segurança e a cooperação económica. as crescentes ameaças nucleares e de mísseis da Coreia do Norte e a crescente assertividade da China na região.

Hayashi disse que Wang propôs as conversações trilaterais quando os dois se encontraram numa reunião da ASEAN em Jacarta, no início de julho. Ele disse que concordou, embora nenhuma data tenha sido definida.

Em maio, o presidente Joe Biden convidou o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol e o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida para uma cimeira trilateral. Será realizado no dia 18 de agosto em Camp David, Maryland, o retiro presidencial nas montanhas, a cerca de 60 milhas a noroeste de Washington.

As conversações tripartidas entre Pequim, Seul e Tóquio estão paralisadas desde Dezembro de 2019 devido aos laços desgastados entre o Japão e a Coreia do Sul e à crescente rivalidade geopolítica entre Washington e Pequim.

O porta-voz da embaixada chinesa, Liu Pengyu, disse ao serviço coreano da VOA na segunda-feira que Pequim quer melhorar a cooperação trilateral com Seul e Tóquio.

“Como vizinhos próximos, a China, o Japão e a República da Coreia têm todos os motivos para trabalhar juntos para manter a base política das relações bilaterais e permanecerem comprometidos com o crescimento constante, sólido e sustentável da cooperação trilateral”, disse ele. O nome oficial da Coreia do Sul é República da Coreia (ROK).

Num fórum anual realizado em Qingdao, China, em 3 de julho, Wang instou os participantes sul-coreanos e japoneses a se alinharem com Pequim para renovar a Ásia, “restaurando a cooperação trilateral normal e melhorando e desenvolvendo as relações trilaterais”.

Evans Revere, ex-secretário de Estado adjunto interino para assuntos do Leste Asiático e Pacífico durante o governo George W. Bush, disse que é importante que Seul e Tóquio mantenham canais de comunicação com Pequim, mas não percam de vista a sua agenda de colocar desafios a eles e seus laços com Washington.

“Os objectivos da China incluem alcançar o domínio regional, reduzir o poder e a eficácia da aliança EUA-Japão e EUA-ROK, e impedir que Washington, Seul e Tóquio avancem na sua agenda partilhada em apoio a uma região livre e aberta”, disse Revere.

“A região da Ásia Oriental está num ponto de viragem crítico. Seul, Tóquio e Washington não devem deixar de permanecer em estreita sincronia à medida que atravessam este período difícil”, disse ele.

Os esforços de Pequim para reforçar laços mais estreitos com a Coreia do Norte e a Rússia incluíram uma visita a Pyongyang de altos funcionários chineses no mês passado. Pequim e Pyongyang prometeram revitalizar as relações para “um novo estágio elevado através de uma estreita colaboração estratégica e tática” através da “construção socialista”.

A delegação chinesa liderada por Li Hongzhong, membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China, realizava a primeira viagem oficial ao país desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020.

Uma delegação oficial russa chefiada pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu, também visitou Pyongyang para participar na celebração do 70º aniversário do armistício que pôs fim aos combates na Guerra da Coreia, em Julho de 1953.